A história de Araxá, retratada através da trajetória daqueles que se destacaram e fizeram pela cidade, ganhou com a doação de dois quadros de Dom José Gaspar para a Fundação Cultural Calmon Barreto. Datadas de 1946 e 1948, as imagens faziam parte das lembranças da família de Paulo Nesrala, sobrinho-neto do religioso. Na última terça-feira, 6, foi oficializada a entrega das relíquias para o acervo do Memorial de Araxá.
“Quando meu avô Celidônio de Afonseca e Silva faleceu em 1973, os quadros foram passados para a filha mais velha, que é minha mãe Ilca de Afonseca Nesrala. Esses quadros receberam cuidado muito especial, pois temos uma árvore genealógica desde 1684. Quando minha mãe faleceu em julho de 2017, conversamos com os outros irmãos, e fiz questão de doar esses quadros para serem de domínio público de toda a sociedade araxaense. Existe ainda um quadro dos pais do Dom José Gaspar, que quero fazer doação”, relata Paulo.
A supervisora de Museu e Bens Culturais, Maria Angélica Gotelip, destaca que o religioso é uma das figuras mais lembradas pelos visitantes do Memorial. “Dom José Gaspar é uma figura muito ilustre, e todos que chegam no Memorial elogiam bastante o que já temos de objetos. A chegada desses quadros é de muito enriquecimento para o museu. Temos muito orgulho de receber essas peças”, afirma a supervisora.
As peças estão disponíveis para visitação de 8 às 18h de terça a sexta, das 10 às 16h aos sábados, e das 8 às 13h aos domingos. Nas segundas-feiras, os museus estão fechados para manutenção, exceto em feriados.
Dom José Gaspar
Nascido em 1901, Dom José Gaspar é membro de famílias pioneiras em Araxá, onde ele fez primeira comunhão aos 7 anos e residiu até os 11 anos. Ordenou-se sacerdote em 1923, em São Paulo, após ter ingressado no Seminário Maior. Sua primeira missa foi rezada na Igreja Matriz, na região central de Araxá. Foi, ainda, coadjutor da Paróquia da Consolação, na capital paulista. Aos 24 anos, seguiu para o doutorado em Direito Canônico, na Universidade de Roma. De volto ao Brasil, lecionou no Seminário Maior e tornou-se reitor do Seminário Central da Imaculada Conceição.
A vida religiosa ganhou ainda mais notoriedade ao ser designado Bispo Titular de Barba e Auxiliar do Arcebispo Metropolitano, entre 1935 e 1937. Conhecido pela empatia com música, natureza, pobres e crianças, o religioso foi designado Arcebispo Metropolitano de São Paulo em 1939. Morreu de forma prematura em 1943, durante um acidente aéreo quando chegava ao Rio de Janeiro. Dom José Gaspar é imortalizado na memória dos araxaenses dando nome à rua e escola da cidade.